[RESENHA] Verity - Colleen Hoover

A história de três mentes doentias, uma narrativa chocante e perturbadora.

Por Acsa Fontes em 27/04/2024 às 18:05:09

Lowen Ashleigh é uma escritora que se debate com grandes dificuldades financeiras, até que aceita uma oferta de trabalho irrecusável: terminar os três últimos volumes da série de sucesso de Verity Crawford, uma autora de renome que ficou incapacitada depois de um terrível acidente.

Para poder entrar na cabeça de Verity e estudar as anotações e ideias reunidas ao longo de anos de trabalho, Lowen aceita o convite de Jeremy Crawford, marido da autora, e muda-se temporariamente para a casa deles. Mas o que ela não esperava encontrar no caótico escritório de Verity era a autobiografia inacabada da autora. Ao lê-la, percebe que esta não se destinava a ser partilhada com ninguém. São páginas e páginas de confissões arrepiantes, incluindo as memórias de Verity relativas ao dia da morte da filha.

Lowen decide ocultar de Jeremy a existência do manuscrito, sabendo que o seu conteúdo destroçaria aquele pai, já em tão grande sofrimento. Mas, à medida que os sentimentos de Lowen por Jeremy se intensificam, ela apercebe-se de que talvez seja melhor ele ler as palavras escritas por Verity. Afinal de contas, por mais dedicado que Jeremy seja à sua mulher doente, uma verdade tão horrenda faria com que fosse impossível ele continuar a amá-la.

Resenha

A resenha de hoje é de um gênero diferente por aqui, pelo menos para mim. A Colleen Hoover me impressionou muito com este livro, o primeiro thriller que ela escreveu, mostrando que nem só de romance triste e histórias tocantes vive uma autora. Foi o primeiro livro deste gênero que li e foi simplesmente perturbador (no bom sentido, se é que existe). Por não estar habituada a ler este tipo de gênero, eu estava bem receosa, já tinha escutado muita gente falando deste livro em específico e fiquei com medo de começar (estava lendo porque era o livro do mês do clube do livro), mas confesso que me surpreendeu muito. Fiquei super intrigada com o enredo da história e no que iria acontecer a seguir. Mais uma vez, Colleen traz uma escrita envolvente, mas dessa vez ela te instiga, é impossível parar de ler até terminar o livro, você fica muito curioso com a história e todas as coisas loucas que estão acontecendo. Eu terminei em dois dias, mas só porque tinha outras obrigações para fazer; se dependesse de mim, teria acabado no mesmo dia que comecei, pois é extremamente viciante.

— O que aconteceu com você?
— Como assim?
— Você disse que já viu coisas piores. Tipo o quê?
— Há alguns meses resgatei o corpo da minha filha de 8 anos de um lago.

No livro, nós conhecemos Lowen, uma autora que está meio empacada na escrita de seus livros. Ela é chamada por uma editora para substituir o trabalho de outra autora, enquanto ela está doente e não consegue entregar os livros no prazo. À primeira vista, ela pensa em negar porque é muito complexo "pegar" o trabalho de outra pessoa nos últimos livros, mas o marido dessa autora, Verity, que conheceu Lowen em uma tragédia no início do livro, consegue convencer a personagem a aceitar esse trabalho. Ela vê que precisa desse dinheiro, então decide realmente aceitar. Para entender melhor sobre a escrita de Verity e sobre seus personagens, Jeremy (marido de Verity) convida e disponibiliza a casa deles, onde estão todas as anotações e rascunhos de Verity, para Lowen fazer a pesquisa necessária e escrever os livros de onde Verity parou. Após se mudar para a casa de Verity, a personagem começa a estudar e pesquisar através das anotações da autora e encontra um manuscrito que aparentemente é uma biografia da vida de Verity, a partir do momento em que ela conheceu o marido. Lowen começa a ler muitas coisas estranhas nessa história e descobre lados de Verity que talvez sua família não saiba que existam. Conforme o tempo vai passando, Lowen começa a presenciar coisas estranhas acontecendo pela casa, além de estar se afeiçoando a Jeremy enquanto sua esposa está em coma no andar de cima.

– Você vai ficar na casa deles?
– De que outro jeito vou reunir as anotações dela para a série?
– Pede pra ele te enviar por e-mail.
– Ele tem mais de dez anos de anotações e rascunhos.
[...]
– O que você está segurando para não dizer?
– O cara perdeu duas filhas. E aí depois a mulher se machucou num acidente de carro. –
Não sei se fico confortável com a ideia de você passar um tempo na casa dele.
"Ele vai chorar?
Ele nunca chorou por mim. Por minha causa.
Talvez não tenhamos brigado o suficiente.
[...]
Queria que ele entrasse em pânico e se preocupasse, chorasse por mim.
Queria que chorasse por minha causa."

A história nos faz presenciar momentos de muita tensão e medo (sim, medo, eu fiquei com medo de um personagem de livro, que literalmente são só páginas). Os personagens são muito bem desenvolvidos e você sempre fica com uma "pulga atrás da orelha" com todos eles. O livro sempre te deixa na dúvida se tudo que você está "presenciando" é verdade ou se a personagem é muito paranoica, e na minha opinião todo mundo é maluco. Para mim, a melhor parte e maior sacada do livro foi ter um final em aberto; a autora deixa uma brecha para os leitores decidirem em quem acreditam, por isso é muito comum em uma conversa entre pessoas que leram o livro perguntarem se elas são "team manuscrito" ou "team carta".

"Uma mãe não escreveria aquilo sobre si mesma — e sobre suas filhas — se não fosse verdade. Uma mãe que nunca teve aquele tipo de sentimento ou pensamento jamais os imaginaria. Não importa quão boa escritora seja. Verity não arriscaria sua boa imagem de mãe escrevendo algo tão horrível se não tivesse realmente experimentado aquilo."
"Eu manipulo a verdade quando considero adequado. Sou escritora."

[Spoiler - leia por sua conta e risco]

Deixando minha humilde opinião para quem já leu o livro, eu acredito na carta, mas não descarto a possibilidade de que Verity era maluca e manipulou as coisas também para quem encontrasse a carta; ela sabia que havia uma grande possibilidade de Lowen encontrar aquilo ali. Tudo que ela, Verity, escreveu ali é muito bizarro, mas para mim nada supera o quanto Jeremy era manipulador, todos os momentos com Lowen falando exatamente o que ela precisava ouvir e sendo tão solícito e carinhoso com uma mulher que era basicamente uma estranha em sua casa. O fato de ele simplesmente soltar a frase "onde você encontrou isso?" quando Lowen mostrou o manuscrito para ele; ele não parecia surpreso pela história existir, ele estava surpreso que ela tinha encontrado, ou seja, ele já sabia da existência do manuscrito. Depois do conto, só comprovou que ele é realmente um maluco manipulador que sempre vai fazer o melhor para ele.

"Levo a mão à boca e começo a chorar. Não posso acreditar que ajudei a matá- la. Nós a matamos."

[Fim do spoiler - pode ler em paz]

Eu dei um solido quatro estrelas e meia para o livro, ele me surpreendeu muito positivamente. Eu até gostei do gênero, o que foi uma surpresa para mim, pois fugiu completamente de tudo que costumo ler, e essa foi uma experiência incrível. Inclusive, estava nas minhas metas deste ano ler gêneros que não estou habituada a ler. Enfim, super indicado para quem ama este gênero e quem quer começar a ler thriller. Acho Verity muito ideal para isso, a escrita é fácil e o livro não é longo. A era do ascendente lendo thriller vem aí, será que teremos terror também? Acompanhe aqui que a gente vai descobrindo juntinhos.

Foto: Acsa Fontes

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